Nos dias atuais, em que a internet se tornou parte integrante da vida de todos, a quantidade de informações compartilhadas online é imensa. Esses dados, muitas vezes fornecidos de maneira voluntária pelos usuários, são valiosos. E é nesse ponto que entram os data brokers, também conhecidos como corretores de dados.
Os data brokers são empresas ou entidades que têm como principal atividade a coleta, organização, classificação e venda de dados pessoais de indivíduos. Esses dados podem incluir informações como nome, endereço, hábitos de consumo, preferências de compra, histórico de navegação e até dados mais sensíveis, como a localização exata em tempo real.
O funcionamento dos data brokers é relativamente simples: eles agregam dados de várias fontes e, depois, vendem essas informações para terceiros. Os compradores podem ser empresas de publicidade, instituições financeiras, órgãos governamentais ou até outras organizações que tenham interesse em perfis detalhados de consumidores. O objetivo principal dessas empresas é criar perfis completos das pessoas para que os dados possam ser utilizados em campanhas de marketing personalizadas ou até para outros fins, como vigilância e controle.
Embora a prática de compra e venda de dados pessoais possa parecer invasiva, ela é permitida e regulamentada em muitos países, desde que obedeça a certas regras de privacidade. Ainda assim, esse mercado está cercado de polêmicas, especialmente após o surgimento de legislações de proteção de dados, como a GDPR na Europa e a LGPD no Brasil.
Como os data brokers coletam e utilizam seus dados pessoais
Os data brokers utilizam diversas fontes e métodos para coletar dados sobre as pessoas. Um dos métodos mais comuns é através dos cookies, pequenos arquivos de dados armazenados em seu navegador quando você visita um site. Esses cookies rastreiam seus comportamentos online, como os sites que você acessa, os produtos que você pesquisa e até mesmo os links que você clica.
Além dos cookies, os data brokers podem adquirir informações por meio de parcerias com empresas que você interage. Redes sociais, apps de smartphones, serviços de e-commerce e até empresas de cartão de crédito podem compartilhar seus dados com data brokers, que agregam essas informações para formar um perfil mais completo sobre você.
Outro método envolve o uso de SDKs (kits de desenvolvimento de software), que são embutidos em aplicativos móveis. Sempre que você usa um aplicativo, esses SDKs coletam dados sobre seu dispositivo, localização e até mesmo outros aplicativos que estão instalados em seu smartphone.
Uma vez que os dados são coletados, os data brokers os organizam e classificam em perfis. Esses perfis podem incluir seus interesses, renda estimada, hábitos de compra e muito mais. Com esses perfis em mãos, as empresas que compram esses dados conseguem direcionar suas campanhas de marketing de forma mais eficaz, mostrando anúncios para pessoas que têm mais chance de se interessar por seus produtos ou serviços.
No entanto, nem sempre os dados são usados apenas para publicidade. Em alguns casos, as informações coletadas pelos data brokers também podem ser vendidas para órgãos governamentais, que podem utilizá-las para vigilância ou monitoramento.
Impactos dos data brokers na sua privacidade e segurança
Embora os data brokers desempenhem um papel importante na economia digital, sua atuação levanta preocupações significativas sobre privacidade e segurança. Uma das questões mais preocupantes é o fato de que a maioria das pessoas não sabe que seus dados estão sendo coletados e vendidos.
Isso cria uma falta de transparência, já que os usuários muitas vezes não têm controle sobre como suas informações estão sendo utilizadas.
Outro problema é que, ao coletar e vender dados pessoais, os data brokers podem aumentar o risco de violação de privacidade. Em alguns casos, as informações vendidas incluem detalhes sensíveis, como hábitos de navegação, preferências pessoais e localização geográfica.
Esses dados, se caírem nas mãos erradas, podem ser utilizados para cibercrimes, roubo de identidade ou até mesmo para discriminação, com base em perfis falsos criados a partir das informações coletadas.
Além disso, governos com práticas autoritárias podem usar as informações fornecidas pelos data brokers para monitorar e controlar minorias ou cidadãos específicos. Um exemplo polêmico envolve o uso de dados de localização para rastrear grupos religiosos ou étnicos, como no caso de empresas de dados que vendiam informações relacionadas a muçulmanos.
Apesar de existirem legislações como a LGPD e a GDPR, que buscam aumentar a proteção da privacidade dos cidadãos, muitas vezes as operações dos data brokers ainda escapam de um controle rigoroso.
Quais são os principais data brokers e como eles operam?
Existem milhares de data brokers operando no mercado global, mas algumas empresas se destacam pela magnitude e pelo volume de dados que coletam. Entre os data brokers mais conhecidos, podemos citar:
- Acxiom: Uma das maiores empresas de corretagem de dados, com informações sobre bilhões de consumidores em todo o mundo.
- Experian: Conhecida principalmente por seu papel na avaliação de crédito, também coleta e vende dados sobre comportamentos e preferências de consumo.
- Epsilon: Famosa no setor de marketing, a Epsilon é especializada em ajudar empresas a direcionar suas campanhas publicitárias com base nos dados dos consumidores.
- CoreLogic: Focada principalmente no setor imobiliário, CoreLogic coleta dados sobre propriedades, valores de imóveis e informações demográficas.
- Recorded Future: Especializada em cibersegurança e análise de risco, coleta dados para prevenir ameaças de segurança cibernética.
Essas empresas operam de maneira semelhante, agregando dados de várias fontes e criando perfis detalhados dos usuários. Esses perfis são, então, vendidos para diferentes tipos de clientes, incluindo empresas de marketing, agências governamentais e instituições financeiras.
Mas como eles coletam meus dados
A polêmica surge quando se trata de como os data brokers coletam dados, com métodos variando entre práticas éticas e violações de privacidade. Alguns utilizam cookies para identificar interesses, enquanto outros vendem SDKs que rastreiam dispositivos e atividades dos usuários.
Recentemente, o Google e a Apple decidiram banir da Play Store e App Store aplicativos que utilizam o SDK da X-Mode, uma empresa envolvida em controvérsia por coletar dados de usuários, particularmente de aplicativos voltados para a comunidade muçulmana, levantando preocupações sobre o uso desses dados para outros fins.
Como minimizar a exposição aos data brokers?
Embora seja difícil eliminar completamente a coleta de dados, existem algumas estratégias que você pode adotar para reduzir sua exposição aos data brokers e proteger sua privacidade:
- Cuidado com os aplicativos que você instala: Sempre verifique as permissões solicitadas pelos aplicativos. Se um app está pedindo acesso a informações desnecessárias, como seus contatos ou localização, considere não instalá-lo.
- Use bloqueadores de cookies de terceiros: Muitos navegadores oferecem opções para bloquear cookies de terceiros, que são usados por data brokers para rastrear seu comportamento online.
- Leia as políticas de privacidade: Apesar de ser uma tarefa muitas vezes cansativa, ler as políticas de privacidade de sites e aplicativos pode ajudar você a entender como suas informações serão usadas.
- Solicite a remoção de seus dados: Nos EUA, por exemplo, a Califórnia mantém uma lista de data brokers com informações sobre como solicitar a remoção de seus dados dos bancos dessas empresas. No Brasil, você pode utilizar a LGPD para exercer seu direito à privacidade e requerer a exclusão dos seus dados.
Conclusão
Em conclusão, os data brokers desempenham um papel importante na economia digital, ajudando empresas a segmentar melhor suas campanhas e melhorar seu retorno sobre investimento. No entanto, a coleta e venda de dados pessoais também levantam questões preocupantes sobre privacidade e segurança.
Embora seja impossível evitar completamente a coleta de dados, adotar práticas seguras e estar ciente de como suas informações estão sendo usadas pode ajudar a minimizar sua exposição aos data brokers.
Perguntas frequentes sobre o que é um databroker
Um broker é um intermediário entre compradores e vendedores em diversas áreas, como ações, imóveis ou seguros. Ele facilita as transações e cobra uma comissão por isso. Brokers atuam para otimizar negociações, buscando melhores condições de compra ou venda para seus clientes.
Um introducing broker (IB) é um intermediário que conecta clientes a corretores de execução, sem realizar diretamente as operações. O IB auxilia na captação de novos clientes e oferece suporte, enquanto as transações e o gerenciamento das ordens são feitos por outra corretora principal, geralmente por uma taxa ou comissão.
Em TI, um broker é um software ou serviço que atua como intermediário entre diferentes sistemas, aplicativos ou redes. Ele facilita a comunicação e o intercâmbio de dados, garantindo que as informações sejam transmitidas corretamente entre sistemas heterogêneos, como em serviços de integração ou gerenciamento de APIs.